Todo o amor, numa só garrafa!
- EMCARNEVIVA
- 5 de jul. de 2019
- 1 min de leitura
E ele conseguiu, de uma só virada,
de um só rasgo, de cabeça levantada.
Como podia ser?!
Todo o amor, numa só garrafa!?
Ali estava ele, sozinho naquela praia,
naquela que o afastava do mundo,
mas a única que o ligava a todo o amor.
E que tamanho amor,
para tão pequena garrafa!
Ele que tentara a preencher,
vezes e vezes sem conta,
mas...
ou a garrafa não passava a rebentação
ou as palavras eram muitas e a mais.
O incurável romântico,
na praia da inspiração,
da escrita indomável
e de olhos fechados.
Não havia mais nada do que o barulho do mar,
a brisa do vento
e o pôr do sol contínuo.
Tudo em suspenso, sem fim
e em reload permanente.
Quem era este homem que escrevia, sonhava e suspirava?
Objetivava o amor,
como se tal fosse possível!
Reescrevia obsessivamente as mais bonitas palavras que encontrava.
Aquelas, que o deixavam resplandecido,
que o deixavam, extasiado
e de lágrimas em chamas!
Todo o amor, numa só garrafa!
Qual náufrago encontrado,
qual bússola sem rumo,
era de amor que se tratava!
E, quanto a isso,
não há nada a justificar,
apenas...
Escrever e lançar ao mar.
Chegado o dia,
encontradas as palavras,
tudo podia acontecer:
o mar agigantar-se,
o céu acinzentar,
a areia afunilar...
Mas...
as palavras estavam lá dentro,
carregavam este mundo e o outro.
Mundos cor de rosa,
de algodão doce e bondade.
O amor, aliás,
nunca, mas mesmo nunca,
pode rimar com maldade.
Todo o amor, numa só garrafa?
Sim, com todos os sorrisos e lágrimas de alegria,
é possível, numa só garrafa,
todo o amor do mundo lá caber,
todo...
Todo o amor, numa só garrafa!
3/7/2019

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