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Perante o vazio e a enchente.

  • Foto do escritor: EMCARNEVIVA
    EMCARNEVIVA
  • 27 de nov. de 2020
  • 1 min de leitura

Olho-me perante o vazio e a enchente.

Encho-me de ses e não quero respostas,

não quero explicações,

não quero opiniões.

Os meus heterónimos desistem de mim,

abandonam-me ao meu eu,

confrontam-me ao meu espelho

e ele não embacia, para meu espanto.

Toco-lhe, toco-me

e sinto o tempo a parar e eu sorrio,

sorrio, sem saber porquê

e saio, corro, corro,

sem rumo, sem fim ou princípio à vista.


No princípio era o querer,

no meio o desespero,

no fim... no fim...

Voltei a sentar-me no tal degrau,

no degrau da tal porta,

naquele largo, em frente àquele chafariz.


O chafariz secara, mas havia um único pássaro

que numa tentativa de matar a sua sede,

insistia num ritual que só ele entendia,

e como eu o percebia!

Pássaro louco e sábio!


Levantei-me, olhei ao fundo o mar,

um som de piano chamou-me a atenção,

tudo o resto não tinha som.

Fui pelo meio da calçada em busca do cheiro a maresia,

passei por várias pessoas,

todas sem cara, sem identidade.

Continuei, de olhos semiabertos,

furei o vento, fintei a vida,

fintei-me a mim e enfrentei o mar.

Senti as ondas na minha cara e...

Entrei mar adentro,

perante o vazio e a enchente!


Luís Mestre

27/11/2020




 
 
 

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