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  • Foto do escritorEMCARNEVIVA

Sem rumo e sem sonhos.

Ele seguia sem rumo e sem sonhos,

sentia-se magoado, frustrado.

Depois de tanta paixão equivocada,

o amor não era mais do que um caixão,

um caixão que ele se certificara de que jamais seria aberto,

jamais o descobriria.

Tinha sido derrotado dezenas de vezes,

em batalhas que ele nunca quisera entrar.

Guerreiro sem escolha e sem armadura,

sem armas, mas inquebrável ao amor.

Ao amor que sempre quis,

mas que nunca soube vive-lo

e que nunca teve arte para o entender.

Ele queria ser vento, mas era chão sem vida.

Ele queria voar, mas já não tinha asas.

Ele queria acreditar, mas já não tinha força.

Ele queria ser ele, mas já não se recordava.

Ele queria, mas não conseguia!

Ele... nem uma lágrima vertia.

Estava resignado, naquela mesa do canto,

ninguém reparava nele,

ninguém via a sua neblina,

o seu olhar de descrédito,

o seu desistir,

o seu... não saber mais acreditar.

As suas mágoas tinham-no vencido,

enchia o cinzeiro com as suas cinzas,

elas transbordavam,

tal o fogo que o tinha extinguido.

Ele não era mais ele,

ele já nem sabia quem era.

Não sentia dor, não sentia nada.

Tanto tinha de vazio, como nem se conseguia mover.

A música continuava, as pessoas riam e conversavam,

mas amavam-se, outras fingiam,

mas havia vida,

aparentava haver sinfonia,

mesmo que a música fosse sempre a mesma.

Mas ele continuava na tal mesa,

sem saber para onde olhar,

para onde fugir sem sequer ter que se mexer.

Ele não queria ser visto,

não queria ser escutado,

apenas queria respirar,

pois o fôlego já era outro,

já não tinha encanto,

já não tinha cor.

Era apenas uma brisa leve de outono,

um arco íris esforçado e sem cor.

Ele?

Ele seguia com as feridas saradas,

não por estar curado,

mas por não ter sangue,

por não ter vida!

Ele?

Ele seguia sem rumo e sem sonhos,

sentado naquela mesa,

a mesa do canto.

20/07/2020




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