Aceitei o meu medo,
abracei a minha vergonha.
Assumi a tristeza e a dor da inútil esperança
e libertei as minhas lágrimas.
Não quero ser forte, quando me sinto frágil.
Quero tudo agora, quero a minha missão de volta,
quero ser o comandante dos meus sonhos,
quero a emancipação, quero a revolta,
quero os gritos, quero os silêncios,
quero ser eu, quero o nós,
agora, tudo agora!
Quero tudo, tudo, não me chega apenas isto!
O agora era para ontem
e o ontem, o ontem já lá vai!
É lindo e maduro apreciar a fragilidade,
sentir que não sou um protótipo,
nem um machista a quem prometem a eterna desconstrução.
Sou eu, amando a vergonha e as minhas incapacidades.
Quero ser frágil, sim, dar-me nas minhas incompletudes
e não me pedirem para ser forte!
Nada me peçam, nada esperem!
O mais forte, o mais forte será sempre quem assume as suas imperfeições,
o que se assume nú e frágil,
sem querer piedade ou admiração.
Apenas é, e nada espera, nada diz, nada ouve.
Deixai-me ser tudo e deixai-me nada ser!
Pergunto-me:
- O que faço aqui?
Do que estou à espera para partir sem amarras,
sem horários, sem expetativas,
sem o orgulho e o ter que ser isto ou aquilo!
Do ter que ser homem com medo de se fragilizar,
com medo da rejeição, com medo do amor,
com medo de chorar, de não saber ser, de não saber ter.
Que raio de ser sou eu?
Não quero esperança, nem quero pessimismo,
quero construir e quero desconstruir,
quero poesia e quero gritar,
cuspindo impropérios para o mundo.
Quero a vida, quero os abraços, quero, quero, queeeeeero...
Adoro as mulheres,
as suas plenitudes e fragilidades,
a sua arte, o seu sentir,
o seu choro e o seu riso.
Que ser tão completo, cheio de incompletudes.
Ensinam o amor, apenas brotando vidas de si.
E isso, isso é a maior prova de todas!
O nascimento é a maior prova que o amor nasce sempre delas,
sempre nasceu e sempre nascerá, sempre...
23/01/2021
