Que nem montanha russa.
- EMCARNEVIVA
- 9 de fev. de 2019
- 2 min de leitura
Acordo triste e vazio com tudo o que não fui
e com tudo o que não tive.
Sou montanha russa todos os dias!
Num só dia beijo a liberdade e a sanidade,
tanto como me afundo no vazio que me suga todo o meu eu.
Ai... quem me dera sentir um FMI todos os dias da minha vida!
Ser José Mário Branco à noite e um parolo durante o dia.
Pelo menos vivia a felicidade ingénua de uma criança,
pelo menos saboreava o vento e sorria,
sorria apenas por existir, por desfrutar da vida.
Sou montanha russa no modo como vivo,
no modo como sonho,
naquilo que sou e naquilo que não queria ser.
Num dia sou um andor nas mãos de profetas,
no outro sou tapete sacudido aos ventos.
Sou isto, sou aquilo.
Sou tudo e não sou nada.
Jorra-me criatividade na escuridão da solidão,
saem-me palavras e emoções por tudo o que são poros,
esgoto as palavras num safanão e num sopro.
Tudo é repetido, tudo é gritado, tudo é sentido...
Sou montanha russa, assumo!
Quero o mundo a andar em frente,
quero a emancipação das mulheres,
quero a humanidade nos homens,
quero...
Quero tudo e não quero nada!
Quero amar, como se eu soubesse o que era o amor?!
Quero apaixonar-me, mas receio a dor da paixão.
Quero ser coerente,
mas o que penso e o que faço nem sempre se encontram.
Sou culpado deste mundo e do outro,
salvador incansável...
O tal que salva quem não quer ser salvo por si,
mas que se salva no seu próprio afogamento.
Afogo-me em mim, por querer salvar tudo,
por querer não me salvar
e ser o poço que tanto evito!
Que nem montanha russa...
Contra tudo e contra todos,
mas digno de ser eu.
Ser eu: autêntico,
ser eu: com o mundo,
ser eu: para o mundo,
ser eu: no meu mundo,
ser eu: sem mundo,
ser...
Que nem montanha russa!
7/02/2019

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