Pelo desejo do sonho em nós...

Acordo, respiro e sonho,

sonho interruptamente até à morte.

Não sei se vivo a sonhar,

ou se sonho a viver.

Só sei que me permito viver em busca constante do que sonho.

E que bom é viver em prol dos nossos sonhos,

daquilo que nos embarga a voz,

de tudo o que nos torna humanos, frágeis, mas seres com luz,

seres...

com magia, com liberdade, emancipados...

seres reais.

Nego-me a um mundo do ócio e da escravatura da culpa.

Sempre a culpa...

A culpa, a submissão e a opressão do que devemos ser ou não devemos ser.

Quero o sonho em mim!

Todos os dias, todas as horas, toda a minha vida em sonho!

Não ambiciono mudar nada, porque, afinal, não posso mudar tudo!

Violento-me com a minha mudança,

com as minhas amarras que me aprisionam

e com tudo aquilo que me faz duvidar e parar.

Mas quando paro,

paro para sonhar novamente,

para...

nos encontros e desencontros de mim,

na solidão dos meus sonhos,

perceber, afinal, que sonhar é libertar-se!

É assumir-se!

É dizer não!

É dizer sim!

É sermos nós!

Tudo, com toda a coragem e dor que tal nos impõe.

Não estamos num mundo que permite o sonho a cada um,

que permite sermos felizes

e lutarmos por quem somos ou por quem queremos ser.

Que os sonhos nos aproximem de nós e dos outros,

que não nos afastem,

que não nos excluam,

que não nos julguem,

que não nos castrem,

que não...

Que não nos deixem deixar de sonhar e viver.

Viver pelos sonhos,

viver com os sonhos,

viver, enfim,

pelo desejo do sonho em nós.

20/04/2019