Não tenho idade, ela não tem idade,
ambos vivemos na ânsia da paixão,
do amor ardente que nos junte a alguém.
Onde pertenço eu?
Onde pertence ela?
...
Anos e anos depois,
numa sala cheia de vida e de nada,
os dois sentiram que não tinha havido ontem,
não tinha havido tempo,
aliás, o tempo não importava
e a idade não interessava.
...
Apenas um olhar trocado,
um meio sorriso esboçado e...
tudo voltou, estavam perto de novo.
O que é que eu estou aqui a fazer?
O que é que eu andei a fazer?
...
Anos passaram, filhos nasceram, sonhos se criaram e...
o sentimento, a atração, o desejo,
afinal sempre ali estiveram
e no fundo,
no fundo, ambos o sabiam.
Mas como o amor vence sempre,
impávidos e serenos saberiam que, um dia, esse momento chegaria.
...
No fim da noite, tocaram-se,
sentiram o cheiro da pele um do outro.
Espiaram os sonhos um do outro,
não falaram, apenas sorriram
e pensaram novamente:
O que é que eu estou aqui a fazer?
...
Decidiram raptar-se um ao outro,
combinaram o local,
não pensaram no passado,
pois não há passado, nem presente e nem futuro para o amor,
para o amor sincero.
Pois o amor vence sempre...
sempre...
O que é que eu estou aqui a fazer?
1/12/2019
