Perdido em desencontros,
fruto de tantos encontros,
eis que me olho ao espelho.
Numa tentativa de me conhecer,
de me caracterizar,
de saber as minhas reações,
adivinhar as minhas ações e...
nada...
Não sei se me conheço e...
continuo sem saber,
sem saber, afinal, o que é o amor.
Embarco em mais uma viagem,
destemido numa primeira volta,
desamparado numa segunda
e perdido na terceira,
já a adivinhar o fim.
Mais uma ficha engolida pela cadência marcada da viagem.
Da viagem que tem sempre o mesmo fim,
mesmo que os inÃcios saibam a uma fénix continuamente renascida.
Li tudo sobre o amor,
reinventei-me em todas as danças,
mesmo que o passo fosse sempre o mesmo
e que a pisadela batesse sempre no mesmo calo.
A pose inicial era, achava eu, sempre original,
mas...
o final da música acabava sempre antes da desunião das mãos e dos corpos.
Bem atrasava a agulha do vinil,
mas o fim era inevitável.
O fim e os começos.
Os começos sem fim!
O que é, afinal, o amor?
Envio então cartas e mais cartas sem remetente,
pois tenho dúvidas em quem sou,
tal a certeza do que vejo nos meus reflexos.
Finalmente chega uma resposta,
abro o envelope lacrado com um vermelho vivo
e...
com medo de o rasgar,
resolvo guarda-lo e continuar sem saber:
afinal, o que é o amor?!
13/09/2019
