Ela teimava em não sair,
vivia acorrentada na vergonha e no medo.
A lágrima tímida...
A lágrima que se acobardava do mundo.
Lágrima de homem tem disto.
Tem vergonha... tem orgulho.
Tem medo da educação que teve,
tem medo de a acharem fraca!
Uma lágrima fraca,
esconde sempre uma coragem por revelar,
esconde sempre algo que precisa de se descobrir.
Uma lágrima humaniza-nos,
uma lágrima fortalece-nos na fragilidade.
Ai, lágrima... lágrima envergonhada!
Sai, solta-te, liberta-te!
Minha querida lágrima!
Houve um dia que ganhou asas,
que inspirou
e inspirou todas as que a seguiram.
Saiu, escorreu
e tudo o resto brotou.
Tudo o resto parou a olhar,
era a lágrima da vergonha,
a lágrima que humaniza,
a lágrima que não tem género,
a lágrima que liberta e nos abraça.
O poder de uma lágrima...
de apenas uma só lágrima, apenas...
A lágrima que nos faz crescer e sorrir,
a lágrima escondida e que nos liberta e torna pessoas.
“Não tenho medo! Não tenhas medo!”
Diz-nos ela baixinho,
como se não nos quisesse incomodar.
Mas uma lágrima com poder,
até as pedras da calçada as faz mover...
Uma lágrima...
...
O poder de uma lágrima...
Luís Mestre
17/12/18
