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  • Foto do escritorEMCARNEVIVA

Mar adentro, amor de dentro.

Era o único naquela praia.

Todos os dias, à mesma hora,

ali estava ele, com as mãos cravadas na areia quente.

Não se ouvia nada,

apenas o correr do sangue nas suas veias.

O silêncio acorrentava-o, tanto como o libertava.


Dia após dia, buscava mais do que uma paixão de Verão,

o amor do tamanho do imenso mar que tinha à sua frente,

que o intimidava, tanto como o chamava.

Era o medo e a atração pelo amor,

fusão ímpar que o agitava num desalinhar único.

Diziam que era um romântico incurável,

aquele homem-criança que ali estava.

O seu sorriso ingénuo,

mas com as suas lágrimas de eterna mágoa.

Quem era este ser que ganhava coragem por enfrentar este mar?

O que via ele no azul agreste e infinito à sua frente?


Mar adentro, amor de dentro.

Onde estava afinal o amor que procurava?

No destino das garrafas que enviava com os seus intensos e tristes poemas?

No mar imenso e inatingível que o afrontava?

No revolto ser, sereno, mas prestes a explodir a qualquer momento?


O amor parecia-lhe sempre impossível,

tal como o imenso mar que o seduzia

e que ele tanto ambicionava ter só na palma de uma mão.

Tamanha coragem e incapacidade,

para quem procura fora, o que nunca acha dentro.


O dia chegou, o silêncio foi interrompido,

ele não se mexeu,

pois por detrás de si,

no oposto ao mar que tanto esperava,

surgiu um idílico abraço e um beijo leve no seu pescoço.

Ele não olhou, apenas...

Apenas experimentou o poder natural do amor.

Fechou os olhos e sentiu,

sentiu aquele toque e aquele beijo e...

por fim,

por fim, levantou-se sorrindo e...

mar adentro, levou o amor dentro.

6/8/2019




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