Mar adentro, amor de dentro.
- EMCARNEVIVA
- 9 de ago. de 2019
- 1 min de leitura
Era o único naquela praia.
Todos os dias, à mesma hora,
ali estava ele, com as mãos cravadas na areia quente.
Não se ouvia nada,
apenas o correr do sangue nas suas veias.
O silêncio acorrentava-o, tanto como o libertava.
Dia após dia, buscava mais do que uma paixão de Verão,
o amor do tamanho do imenso mar que tinha à sua frente,
que o intimidava, tanto como o chamava.
Era o medo e a atração pelo amor,
fusão ímpar que o agitava num desalinhar único.
Diziam que era um romântico incurável,
aquele homem-criança que ali estava.
O seu sorriso ingénuo,
mas com as suas lágrimas de eterna mágoa.
Quem era este ser que ganhava coragem por enfrentar este mar?
O que via ele no azul agreste e infinito à sua frente?
Mar adentro, amor de dentro.
Onde estava afinal o amor que procurava?
No destino das garrafas que enviava com os seus intensos e tristes poemas?
No mar imenso e inatingível que o afrontava?
No revolto ser, sereno, mas prestes a explodir a qualquer momento?
O amor parecia-lhe sempre impossível,
tal como o imenso mar que o seduzia
e que ele tanto ambicionava ter só na palma de uma mão.
Tamanha coragem e incapacidade,
para quem procura fora, o que nunca acha dentro.
O dia chegou, o silêncio foi interrompido,
ele não se mexeu,
pois por detrás de si,
no oposto ao mar que tanto esperava,
surgiu um idílico abraço e um beijo leve no seu pescoço.
Ele não olhou, apenas...
Apenas experimentou o poder natural do amor.
Fechou os olhos e sentiu,
sentiu aquele toque e aquele beijo e...
por fim,
por fim, levantou-se sorrindo e...
mar adentro, levou o amor dentro.
6/8/2019

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