Despedi-me dela, todos os dias...
- EMCARNEVIVA
- 22 de fev. de 2020
- 1 min de leitura
Atualizado: 28 de fev. de 2020
Despedi-me de mim, antes de me despedir dela.
Era uma despedida anunciada,
uma despedida impossível de escapar,
e uma fuga de um novo despertar.
Despedida com laços e correntes,
daquelas de ranger os dentes e cerrar os olhos.
Daquelas que nos sentamos com as mãos em sangue,
dos espinhos das rosas que oferecemos,
das rosas que escolhemos para o perpetuar das nossas memórias.
Tatuei todas as árvores com o símbolo da minha paixão,
atirei todas as pedras para os rios sem água,
esgotei todos os pôr do sol,
acabei com todas as cartas,
calei todas as palavras e...
Despedi-me!
Despedi-me continuamente...
Continuamente num reload sem fim,
num fim que começava todos os dias,
todas as horas...
Todos os...
Todos os dias ambicionava a despedida para a saudade surgir,
para a partir dela, o mundo ser mais justo,
a vida ser mais vida e todo o mal no mundo terminar.
Era este o amor que salvaria tudo,
que apagaria todas as injustiças do mundo,
que perpetuaria todos os palpitares do coração,
todos os tremores de dedos,
todos os olhares cruzados,
todas as crianças em que nos transformamos.
A despedida era uma ilusão,
era o fingir que ia,
era o querer e não o conseguir,
era o desespero pelo rumo,
era o rumo sem rumo,
era o tudo ou nada,
era a procura do desencontro,
era....
Despedi-me para a encontrar,
despedi-me e perdi-me...
Todos os dias...
Todas as horas...
Todos os...
22/02/2020

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