Aquele, tinha sido o seu melhor texto!
- EMCARNEVIVA
- 5 de out. de 2018
- 2 min de leitura
Por entre o carrossel de emoções,
da pura idade dos seus 14 anos,
aquele, tinha sido o seu melhor texto!
Tinha a certeza disso!
Tanta certeza, que mal o acabara de escrever,
o sentira como a sua obra,
tal escritor se sentia!
A história do famoso poeta,
vizinho e contador de histórias.
Qual personagem, qual realidade?
Era de vida e sonho,
que o seu texto tratava.
O poeta, nas mãos de um menino que se achara escritor
e que naquele dia,
naquela mesa tão bem organizada,
tinha escrito por entre olhos abertos e fechados,
aquela prosa que o extasiava,
aquele escrito que o punha a sonhar,
aquela obra...
A timidez estava vencida,
a realidade tornava-se ficção
e o texto,
o texto fora entregue.
Como se de um tesouro se tratasse,
era ouro nas suas mãos!
O menino escritor,
que escrevia sobre o poeta,
seu vizinho.
A espera pelo grande dia,
imaginara-se no pódio de sua sala de aula,
apenas só,
com o seu texto e a sua professora.
Não lhe interessavam os outros,
apenas a partilha com a autoridade da escrita,
com quem faria da obra, o seu ato,
o ato de uma vida.
E que obra!
“Este texto não é teu!
Não foste tu que o escreveste!”
...
Nunca palavras tinham soado tão bem como facas,
facas que o rompiam de alto a baixo
e que o levavam a uma raiva até hoje lembrada!
O menino escritor,
a sua grande obra,
o poeta, seu vizinho,
a professora, a sua morte!
De nada lhe valera os seus gritos de injustiça,
as suas promessas infindáveis...
Nada... nada lhe valia...
...
A morte da sua autoria,
era a morte da sua identidade,
do acreditar que a escrita não era só para os deuses,
mas sim, para quem sonhava ser autor...
Autor da mais bela história sobre um poeta,
um poeta de seu nome:
Manuel da Fonseca.
...
Meu eterno vizinho,
que me inspirou a escrever
e a ser pela escrita,
tudo aquilo,
tudo aquilo que quisera ser!
Luís Mestre
20/09/2018

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