A solidão...
- EMCARNEVIVA
- 6 de out. de 2019
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Naquele dia, igual a tantos outros
ela voltou-me a pegar na mão.
Ela sabia quando eu estava no ponto,
quando me perdia, vezes e vezes sem conta.
Ela era o meu rumo de desapego,
de liberdade triste e dorida,
de não ter rumo e deixar-me ir,
de não conseguir largar a mão,
de deixar de estar ao seu colo,
de deixar de estar dentro dela,
de eu e ela sermos apenas... um só.
Era uma viagem sempre com o mesmo rumo,
sempre com a mesma lágrima,
com o mesmo grito,
com o mesmo silêncio...
Ecoava em mim tudo o que queria e não tinha,
tudo o que tinha e não queria.
Perguntava-me num ritual de autoflagelo,
todos os porquês, todas as dores, todos os vazios...
Estava cheio de um vazio que me transbordava de dor,
tanto como a anestesia que me vidrava o olhar perdido.
Vagueava por dentro dos meus sonhos simples,
das mãos dadas e beijos quentes que já iam longe,
longe, como eu de mim, certamente...
Falhei-me tanto, que a minha pontaria ficou exímia.
Acerto de olhos fechados em tudo o que falho,
ou em tudo o que era suposto não acertar.
Finjo, por momentos, que sou imortal,
apesar de saber que me basta um dia,
um dia sem a solidão que me esmaga
e que me está na pele!
Um dia pelo amor que se vislumbra com um olhar que diz tudo,
que dispensa tudo,
aí sim, direi:
valeu tudo,
mas mesmo tudo,
por um único dia de verdadeiro amor!
6/10/2019

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