A palavra amor deixara de ter sentido
- EMCARNEVIVA
- 12 de out. de 2018
- 1 min de leitura
Contrariando a certeza dos dias,
naquela tarde saiu noutra estação,
algo o puxava nessa direção,
algo era maior do que a razão.
Amara-a antes de a conhecer:
já antes dissera o poeta
e agora...
agora algo maior estava para acontecer.
Ele sabia-o, o mundo sabia-o,
mas tentados pelo poder da surpresa,
ninguém ousara dize-lo.
Levitava ao andar,
com um sorriso de orelha a orelha,
ele sentia-se noutra dimensão.
Temia tanto o que esperava,
como que ansiava o que desejava!
A multidão não ousava olha-lo,
apenas atirava um olhar após a sua passagem,
apenas sorria com o poder do amor supremo,
com o amor que já tinha sido anunciado a todos!
As folhas das árvores caiam à sua passagem,
os raios iluminavam-no e ele... bem...
Ele fechara os olhos e parara,
o som desaparecera,
os cheiros intensificaram-se
e ela...
Ela apareceu!
Olharam-se olhos nos olhos.
Num repente,
fundiram-se um no outro.
E a partir daquele dia,
daquela hora,
daquele momento,
a palavra amor teria que ser reinventada,
nada, nada jamais seria como dantes!
O mundo aplaudiu de pé,
lágrimas de alegria e emoção jorraram do céu.
O sol criou um arco íris de amor infinito,
uma beleza rara!
E eles... bem,
eles continuaram suspensos,
ligados,
fundidos um no outro,
olhos nos olhos,
peito no peito,
à espera...
À espera que explicassem o que tivera sido criado,
pois depois de a conhecer,
a palavra Amor já não tinha sentido.
E, suspensos, petrificados um no outro,
eles, e o mundo
esperaram felizes,
pela palavra do poeta,
pela palavra que valesse mais que amor
e que até à data,
até àquele dia,
jamais houvera necessidade de ter sido inventada,
mas ali,
perante tamanha emoção,
o amor...
o amor era palavra que não chegava!
Luís Mestre
31/09/2018

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