A espera
- EMCARNEVIVA
- 3 de mar. de 2019
- 2 min de leitura
Viram-se, fixaram-se e sorriram.
Ele sentiu a loucura do romance da espera,
o romance do amor, em que ela deixa alguém por si.
Tal o sonho de olhos fechados,
tal a história que tantas vezes imaginara:
os braços abertos à espera daquela que salvou do desamor
e que foi salva pelo verdadeiro amor a dois.
Qual Romeu e Julieta?!
Qual morte que os una?!
A espera e o prazer por salvar alguém do desamor,
do desamor por um amor maior,
por um amor que congela tudo e sustém a respiração.
A espera...
a espera inspiradora e que eleva os sonhos ao céu.
Com os pés a flutuar, podem passar dias,
podem passar semanas, meses, anos...
Mas a espera é inspiradora,
é de salvação que se trata!
Não interessa estarmos, no fundo, a não escolher,
mas a sermos escolhidos, eventualmente....
Eventualmente e tristemente a ser escolhidos.
Ou melhor,
na pior das hipóteses,
a ser preteridos.
Preteridos por um amor menor,
pela falta de coragem,
pelo egocentrismo de fazer esperar
e decidir, de quem dos dois...
A espera...
Tanto tem de inspirador como de destrutivo.
Entre o ser escolhido e o ser preterido.
A esperança e a frustração rolam lado a lado,
mas o romance de alguém, deixar outro por nós,
é história maior,
é um filme de que ninguém quer deixar de entrar.
Não interessa se é personagem principal ou mero figurante.
É de amor sonhador e ingénuo que falamos!
A espera,
a espera por quem quer amar
e se predispõe a ser peça ornamentada.
Vale tudo!
Decide tu, meu amor,
o que eu quero tu sabes,
mas...
decide tu.
Dou-te esse poder.
Respeito-te no teu dilema,
na tua mentira,
no teu egocentrismo...
A espera é tramada,
porque enquanto esperamos,
abandonamo-nos perdidamente,
deixamo-nos ir, para nunca mais voltar...
Não é preciso esperar pelo amor,
pois quem ama de verdade e se ama verdadeiramente,
pode duvidar, mas sabe sempre dentro de si:
se deseja amar ou tem medo de amar.
A espera...
O amor recíproco,
nunca, mas mesmo nunca
merece estar em espera.
2/3/2019

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